sábado, 15 de fevereiro de 2014

Os sentidos

Quadro de Pierre Bonnard
 
A 2ª sessão não correu propriamente como eu queria, as questões surgiram a custo e pareciam morrer logo ali na praia. A história que li revelava que que a melhor amiga do Kiko era cega. Este assunto despertou a atenção dos alunos, dizem:
- Eu vejo os meus braços, mas a Gui não consegue ver nada.
Pergunto se eles são todos diferentes uns dos outros. Respondem que sim!
- somos diferentes e fazemos coisas diferentes.
Pergunto: que coisas diferentes fazem ?
- Vestir
-Tomar banho
- Eu corro rápido
A verdade é que a conversa não desenvolvia, ia apenas pelo caminho da simples descrição e não havia reflexão. Em todo o caso, são crianças de 6 anos e é bom que se apercebam das pequenas diferenças que  compõem a sua identidade, da individualidade de cada um. Tento estimular a reflexão?
Pergunto: Se a Gui estivesse aqui com vocês, o que é que faziam com ela?
- Ia ajudá-la
- Ajudava-a a jogar à bola
- Ajudava-a a pintar
- a fazer os trabalhos..
.....e por aí fora...
Para terminar e em modo de conclusão, pergunto: É importante ajudarmos-nos uns aos outros?
Todos respondem que sim!
 
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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Curiosamente li a mesma história no 2º grupo e o tema foi diferente, este grupo não se interessou pala casa assombrada, mas antes preferiram falar de animais. Percebi que este tema lhes é muito grato, adoram falar de animais. Fiz algumas perguntas, para que se começassem também eles a familiarizar com o perguntar, o questionar, assim perguntei-lhes se eles gostavam de animais, com quais podiam brincar, e se gostavam de todos os animais por igual, ou mais de uns do que de outros?
As respostas fora:
- Gostamos mais dos animais fofinhos; Alguns são maus e outros são bons ; Eu gosto de todos; Eu gosto do meu galo porque ele é calmo; Alguns dão miminhos;  São queridos, são meigos.
Depois perguntei, estimulando a comparação: Também gostam das pessoas que sejam assim? Todos responderam que sim. Por fim pedi que imitassem o seu animal favorito.
Estamos todos no início, eles tentam perceber o que se pretende nas aulas de FpC e eu estudo-me e tento posicionar-me de acordo com as características do grupo e de cada um.

1ª sessão

Xu-Beihong
 
 
 
Na 1ª história que li, o Kiko,personagem do livro fala da quinta onde está a passar férias, da amiga Gui, dos animais que lá vivem, dos avós e de uma casa assombrada da qual tem medo.
Quando iniciei i debate, no 1º grupo, perguntei qual o tema da história que mais interesse tinha suscitado, fomos a votos e ganhou....a casa assombrada! Fiquei deveras atrapalhada, pensei "e agora, como guio uma sessão destas?": "O que me havia de acontecer", mas lá iniciei o diálogo, deixo aqui um excerto:
- As casas assombradas têm tudo partido.
-É assombrada porque as portas e janelas mexem.
- Eu sei o que é uma casa assombrada. Tem lixo e é escura.
- As casas assombradas são de brincadeira.
 
E por aqui fora, e eu pensei, mas isto não parece filosofia, ou é? Depois de mais umas quantas descrições, lá fui introduzindo questões para centrar o diálogo, tentar abordar o medo, o que é o medo, porque sentimos medo, mas não....eles simplesmente queriam falar de casas assombradas, eu relaxei e deixei-os falar, falar, porque era disso que eles estavam a precisar.
 
 
 

 
 

domingo, 9 de fevereiro de 2014

O início

quadro de Hso pei hung
 
No início da comunidade de investigação dividi a turma em dois, de forma a ter um círculo mais pequeno, ficando com 2 grupos  de 12. É aconselhável que assim seja, já que facilita o diálogo e a participação de todos. Para o facilitador de FpC, um grupo pequeno também ajuda, já que assim, é mais fácil cuidar que todos participam, ouvir, motivar e incentivar a participação o grupo e de cada um em particular. 
Comecei por utilizar o livro de Matthew Lipman, Kiko e Gui, pois para além de ser o mais adequado para a faixa etária dos alunos, na altura 6 anos, aborda situações que causam interesse e suscitam curiosidade, levando as crianças a questionar e a comparar a situações do livro com a sua própria experiência.  Na Filosofia para Crianças, a experiência de cada um não são experiências isoladas, fazem parte de uma rede de relações, onde se partilham experiências, permitindo conhecer diferentes perspectivas, que vão enriquecer a oportunidade de resposta perante situações diversas.
 
"Philosophy for Children no es, pues, un método pedagógico para explicar filosofía, no es un conjunto de normas para hacer filosofía, sino que esel mismo una actividad filosófica" (Carreras, Carla: 2011).
 
Passemos então à actividade, irei transcrever alguns diálogos.
 


sábado, 8 de fevereiro de 2014

Matthew Lipman
 
 
A proposta pedagógica de Lipman consiste em substituir uma 'educação para aprender' por uma 'educação para pensar'. O mundo - dizia Lipman - não se pode dar ao luxo de propor o actual nível de irracionalidade como modelo para as gerações futuras. A educação não conseguia o seu objectivo de preparar as crianças para a vida: para tomar decisões, para dar opiniões com critério, para actuar adequadamente e autonomamente.
O método, que Lipman criou, para que a filosofia tivesse uma aplicação pratica na sala de aula, foi a  comunidade de investigação, que permite a procura de significado das experiências em conjunto, em grupo. "Descobrir o sentido significa descobrir a relação entre as coisas que se ensinam, entre as nossas experiências, entre nós e os outros" (Carreras, Carla: 2011). 
 
 


Começo este blog porque quero dar a conhecer a Filosofia para Crianças.
Desde que tive conhecimento desta metodologia não mais a esqueci, acredito que é uma das ferramentas pedagógicas mais adequadas para desenvolver o pensamento das crianças.
O seu fundador Matthew Lipman, criou uma série de novelas adptadas às idades das crianças que permitem o debate e a reflexão de ideias, acontecimentos, crenças e opiniões, levando as crianças a desenvolver o pensamento multidimensional, que é composto pelo pensamento critico, criativo e cuidadoso.
Mais mais do que explicar quero partilhar  minha experiencia e a das crianças com que trabalho. Uma vez por semana aplico esta ferramente numa turma que acompanho desde o 1º ano de escolaridade. É a evolução das crianças e a minha própia evolução enquanto facilitadora, que quero partilhar.